Mapa dos CNPJs no Brasil: os dados por trás da nova pesquisa da BigDataCorp

O Brasil encerrou março de 2025 com quase 65 milhões de CNPJs registrados. Mas mais do que um número absoluto, o dado aponta uma série de transformações no ecossistema empresarial brasileiro. A nova edição do Mapa dos CNPJs no Brasil, publicada pela BigDataCorp, mostra como a dinâmica de abertura, manutenção e encerramento de empresas vem evoluindo, com destaque para o aumento das empresas ativas, a força das micro e pequenas empresas e o crescimento de setores como Inteligência Artificial e apostas online.

Neste conteúdo, você vai conhecer os principais achados da pesquisa, entender como os dados públicos estruturados ajudam a mapear essas tendências e por que essas informações são essenciais para quem deseja acompanhar de perto o ambiente de negócios no país.

Continue a leitura para conferir os destaques!

Panorama geral: mais empresas abertas, mais empresas ativas

O crescimento do número de CNPJs no Brasil revela um movimento contínuo de empreendedorismo e transformação econômica. Em março de 2025, o país alcançou a marca de 64,73 milhões de empresas registradas, um aumento de 7,72% em relação ao ano anterior. O dado chama a atenção, mas é o avanço da atividade empresarial que realmente indica mudança: o número de empresas ativas cresceu 16,11% no mesmo período, passando de 21,8 para mais de 25,3 milhões.

Esse ritmo maior de crescimento entre as empresas ativas é um indicativo positivo. Significa que mais negócios estão conseguindo não apenas surgir, mas se manter em operação. A taxa de atividade sobre o total de registros subiu de 36,35% para 39,18% em um ano, e esse salto ganha relevância especialmente quando observamos que 2024 registrou a segunda maior taxa de mortalidade de empresas da série histórica, com 12,37%.

Boa parte das empresas encerradas no período está ligada a atividades temporárias, como candidaturas políticas. Ainda assim, a rotatividade empresarial segue alta: 

  • Cerca de 15% dos CNPJs encerram suas atividades antes de completar 3 anos; 
  • 36% não chegam aos 6 anos;  
  • Mais de 60% fecham as portas antes de completar 10 anos. 

A maioria dos negócios não chega longe: apenas 9,53% das empresas ativas têm mais de 20 anos de existência no país. O dado indica uma característica estrutural do ambiente empresarial brasileiro: começar a empreender é relativamente fácil, mas manter uma empresa funcionando exige mais a junção de vários fatores. 

Tamanho das empresas: protagonismo dos pequenos negócios

As micro e pequenas empresas seguem como base da economia brasileira. Em 2025, 85% dos CNPJs ativos pertencem a esse grupo, um avanço em relação aos 83,42% registrados no ano anterior. Dentro desse universo, os MEIs representam a maioria absoluta, respondendo por 78,74% das empresas em operação.

A estrutura societária também reflete esse perfil enxuto. A maior parte dos CNPJs tem apenas um ou dois sócios, e apenas 0,53% possuem dez ou mais. Quando observamos os negócios com mais de um sócio, outro dado se destaca: 45,89% dessas empresas são familiares, formadas exclusivamente por pessoas com vínculo de parentesco. Isso mostra como o empreendedorismo continua sendo uma estratégia de sustento para muitas famílias no país.

Outro ponto relevante é o capital social declarado. Apesar de 69,20% das empresas manterem um valor simbólico de até R$ 10 mil — especialmente MEIs e pequenos negócios —, houve um salto de quase 30% no valor total do capital social declarado entre 2024 e 2025, saltando de R$ 21,1 trilhões para R$ 27,27 trilhões. Mesmo ao excluir os registros com capital simbólico, o valor permanece alto: R$ 6,13 trilhões, o equivalente a mais da metade do PIB brasileiro.

Onde estão os CNPJs? A concentração regional dos negócios no Brasil

A atividade empresarial brasileira não está distribuída de forma homogênea pelo território nacional. Os dados mostram uma forte concentração nas regiões Sudeste e Sul, que, juntas, abrigam 70,88% das empresas ativas do país. São Paulo lidera com 31,34% dos CNPJs, seguido por Minas Gerais (10,28%) e Rio de Janeiro (8,27%).

Embora essa distribuição acompanhe, em parte, a densidade populacional, já que as duas Regiões concentram 56,32% da população brasileira, ela revela também desigualdades no ambiente de negócios. Para medir essa diferença, a BigDataCorp desenvolveu a razão PJ/PF, que compara a proporção de empresas com a proporção da população em cada estado. 

O ideal seria que esse valor ficasse próximo de 1, mas os dados revelam distorções: enquanto estados como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal apresentam índices acima da média, outras unidades federativas como Maranhão, Pará, Acre e Roraima têm uma proporção significativamente menor de empresas em relação à população.

Além da concentração atual, chama a atenção a diferença nas taxas de crescimento entre os estados. Em 2025, o país registrou uma média nacional de crescimento de 6,36% no número de empresas ativas. Santa Catarina se destacou com 10,36%, enquanto o Maranhão teve a menor taxa, com apenas 2,55%.

Essas variações reforçam a importância de políticas públicas regionais e de um ambiente mais equilibrado para o estímulo ao empreendedorismo fora dos grandes centros. Um ecossistema fortalecido é capaz de gerar novos negócios e reduzir desigualdades econômicas no país.

Principais atividades e tendências econômicas

As atividades econômicas mais representativas entre os CNPJs brasileiros confirmam a percepção cotidiana de quem anda pelas ruas das grandes cidades: restaurantes, farmácias, cabeleireiros e outros serviços de consumo local estão entre os negócios mais comuns. O destaque, no entanto, vai para o varejo de roupas e acessórios, que representa 8,10% de todos os CNPJs ativos, e nenhuma outra atividade ultrapassa a marca de 5,5%.

A pesquisa da BigDataCorp também mostra outras tendências importantes ao analisar os novos CNPJs registrados em 2024. Há um movimento claro de pejotização, com o crescimento expressivo de registros nas atividades de “Promoção de Vendas” e “Serviços Administrativos”, que somam juntas mais de 6% dos novos registros. Essas categorias são frequentemente utilizadas por profissionais contratados como pessoa jurídica, em vez do regime CLT.

Outro destaque é a formalização de setores ligados à chamada gig economy. Empresas de transporte individual (como motoristas de aplicativo), entregas de pequenas cargas (motoboys e entregadores) e serviços gerais (reparos domésticos, pequenos consertos) estão entre os 10 segmentos mais representativos entre os novos CNPJs. Isso indica que muitos trabalhadores autônomos têm optado por formalizar sua atuação para acessar benefícios como emissão de nota fiscal e melhores condições de negociação.

Por outro lado, o estudo também aponta o enfraquecimento de alguns setores. A atividade de “fornecimento de alimentos para consumo domiciliar”, popularizada durante a pandemia por meio dos restaurantes que operavam apenas via delivery, aparece com destaque entre os CNPJs encerrados em 2024. Com a retomada do comércio físico, muitos desses negócios não conseguiram manter sua operação ativa, revelando o fim de um ciclo de adaptação temporária.

Setores em ascensão: IA e apostas online no radar das empresas brasileiras

A análise dos CNPJs também permite observar a movimentação de setores emergentes, como inteligência artificial e apostas online, dois mercados que, apesar de distintos, refletem transformações significativas na economia brasileira.

No caso da inteligência artificial, mesmo sem uma classificação econômica oficial para essa atividade, a BigDataCorp identificou quase vinte vezes mais empresas com “IA” ou variações no nome entre 2017 e 2025. Esse crescimento é reflexo direto do entusiasmo em torno da tecnologia, com muitas empresas buscando se posicionar como inovadoras. O capital social investido nessas companhias já ultrapassa os 400 bilhões de reais, com São Paulo concentrando mais de 80% desse volume. O estado também abriga 42,28% de todas as empresas com “IA” no nome, enquanto nenhuma outra unidade federativa ultrapassa 10% de participação.

Já o setor de apostas online mostra expansão mesmo antes da regulamentação oficial. Atualmente, existem mais de 2.200 CNPJs com código de atividade vinculado a esse mercado. A distribuição geográfica é menos concentrada: embora São Paulo ainda lidere com 21% dos registros, as regiões Norte e Nordeste somam cerca de 40% das empresas do setor, um índice proporcionalmente maior do que sua participação no total de CNPJs do país.

O investimento no setor também é expressivo: 12 bilhões de reais em capital social. Estados como o Distrito Federal, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Pará aparecem com empresas bem capitalizadas, com valores médios superiores a 3 milhões de reais por CNPJ. Mesmo diante dos custos elevados para obtenção de licença federal, em torno de 30 milhões de reais, o número de registros segue em crescimento, reforçando o potencial econômico dessa atividade.

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